Clube de Leitura - As obras seleccionadas.


CLUBE DE LEITURA - 16 de Outubro


A primeira reunião de debate do Clube de Leitura irá realizar-se no sábado 16 de Outubro de 2010, pelas 17.00 horas, na Rua Joaquim António de Aguiar, n.º 35, 7.º Esquerdo, em Lisboa, e terá uma duração aproximada de duas horas.

O debate incidirá sobre a obra previamente designada: O Egipto – Notas de Viagem, de Eça de Queiroz.
A reunião de debate de dia 16 de Outubro contará com a presença do ilustre convidado Professor Doutor Luís Manuel Araújo, egiptólogo e autor da obra Eça de Queirós e o Egipto Faraónico.







Luís Manuel Araújo, doutorado em letras (História e Cultura Pré-Clássica), na área de Egiptologia, pela Universidade de Lisboa, é actualmente (e desde 1987) professor da Faculdade de Letras da mesma universidade (área de História e Cultura Pré-Clássica).
Nasceu em Lisboa em 1949, fez os seus estudos primários e secundários na Casa Pia de Lisboa (colégios de Nuno Álvares e Pina Manique), tendo-se licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1980. Foi professor do ensino preparatório e secundário e assistente no Departamento de Ciências Históricas da Universidade Lusíada.

Frequentou um estágio de pós-graduação em Egiptologia na Faculdade de Arqueologia da Universidade do Cairo no ano lectivo de 1984-1985, como bolseiro do governo Egípcio.


Bibliografia Complementar:

ARAÚJO, Luís Manuel de
Eça de Queirós e o Egipto Faraónico, Lisboa, Editorial Comunicação, 1988.


QUEIROZ, Eça de
Os Ingleses no Egipto, [s.l.], Editorial Caminho, 2004.




CLUBE DE LEITURA - 22 de Janeiro





Os Pequenos Mundos do Edifício Yacoubian
Alaa El Aswany

Comecemos por dizer que o edifício Yacoubian, que dá título a esta obra de El Aswany, é um belíssimo edifício da Baixa do Cairo (Egipto), construído na década de 30 do século XX, tendo-se tornado um verdadeiro símbolo do que foi aquela cidade no período entre Guerras.
E digamos igualmente que a sociedade retratada e estereotipada nas personagens que povoam o romance é, também ela, uma realidade do Egipto contemporâneo.
Este romance, envolto em polémica, faz desfilar perante o leitor toda uma série de personagens e as suas histórias privadas e vidas públicas, onde se cruzam a pobreza, a riqueza decadente, a prostituição, a homossexualidade, a corrupção, o fundamentalismo islâmico. É um retrato de uma sociedade despida de sonhos e ilusões. É um retrato cru que não nos deixa espaço à fantasia. É, talvez, um ponto de partida para se perceber até que ponto somos (ou não) todos iguais, até onde é que mais pura identidade humana nos leva a identificarmo-nos com aquilo que, numa primeira abordagem, nos parece tão distante.
 
Alaa El Aswany, nasceu a 26 de Maio de 1957, no Egipto, filho de um conhecido escritor e advogado, Abbas El Aswany.
Frequentou o Liceu Francês no Cairo e viveu 17 anos em Chicago (EUA), onde tirou um Mestrado.   
El Aswany tem escrito para vários jornais sobre política, literatura e assuntos sociais.
Para além de escritor é dentista e teve um consultório no Edifício Yacoubian durante anos.
Os Pequenos Mundos do Edifício Yacoubian, publicado em 2002, é o seu segundo romance e foi traduzido para várias línguas. No Egipto deu origem a uma série televisiva e a um filme.

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Na próxima reunião, o Clube de Leitura irá contar com a presença da Mestre Alexandra Diez de Oliveira para nos ajudar a melhor compreender e enquadrar no contexto literário Egípcio o livro cuja leitura vos propomos.

Alexandra Diez de Oliveira é doutoranda em letras, na área de História Antiga, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Mestra em História e Civilizações Pré-Clássicas pela mesma Universidade.
Licenciou-se em História, variante Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1996 e é actualmente tutora de diversas cadeiras da licenciatura de História na Universidade Aberta.
É membro da Iberian AIA – Sociedade do Archeological Institute of América, do Centro de Arqueologia de Almada e da Associação de Amizade Portugal-Egipto, onde tem desenvolvido um intenso trabalho, como membro da respectiva Direcção e como conferencista em inúmeras actividades daquela Associação. Nesta última qualidade teve a oportunidade de proferir uma conferência no primeiro semestre de 2010 sobre a “Literatura Árabe Contemporânea no Egipto”.
A Mestre Alexandra Diez de Oliveira é Junior Researcher do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e tem proferido conferências e publicado vários trabalhos de temática de História Antiga, participando regularmente quer como oradora, quer ao nível da organização de encontros internacionais de Egiptologia.



CLUBE DE LEITURA - 26 de Março




Portugal e o Islão Iniciático
Adalberto Alves

A obra proposta para a reunião de 26 de Março é Portugal e o Islão Iniciático, talvez uma das obras menos conhecidas de Adalberto Alves.

Neste conjunto de pequenos ensaios o autor apresenta-nos o Islão iniciático do Sufismo e a forma como este marcou a história de Portugal desde a sua génese. Fala-nos de Ibn Qasî e da cavalaria espiritual muçulmana. Conduz-nos ao murâbit e à al-râbita, levanta-nos o véu dos caminhos do Mestre.
É um livro que nos pede um sofá confortável, uma lareira acesa nestas tardes frias de fim-de-semana, e uma chávena de chá fumegante. E, antes mesmo do sol se pôr, chegámos ao fim do livro. E então, voltamos ao início e tornamos a percorrê-lo, com aguçada curiosidade, a procurar nas entrelinhas tudo aquilo que deixámos escapar. E quem, ainda assim, se der por insatisfeito, sempre poderá seguir viagem para “As Sandálias do Mestre”.
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José Adalberto Coelho Alves nasceu a 18 de Julho de 1939, em Lisboa. Licenciou-se em Direito e, para além de advogado, é poeta, escritor, ensaísta e conferencista. Frequentou ainda o Conservatório Nacional e a Academia de Amadores de Música, possuindo conhecimentos de violino e guitarra clássica.

Pertence a inúmeras instituições, das quais podemos destacar a Sociedade de Geografia de Lisboa, a Nacional Geographic Society, o PEN Clube Português ou a Associação Portuguesa de Escritores. Tem igual desenvolvido um trabalho único pelo seu dinamismo, qualidade e continuidade junto de entidades que procuram promover a divulgação dos estudos árabo-islâmicos e a profunda herança árabe na nossa história e cultura, como sejam a Fundação da Memória Árabe, o Centro Português de Estudos Islâmicos, Centro de Estudos Luso Árabe de Silves ou a Academia de Altos Estudos Ibero-Árabes. Este labor incansável da busca de si próprio nessoutro que é árabe mas também é andaluz e, por decorrência natural das coisas, português, mereceu-lhe o reconhecimento da UNESCO, que lhe atribuiu o Prémio Sharjah para a Cultura Árabe em 2008.

É autor de inúmeras obras – poesia, contos e ensaios – de entre as quais se pode destacar “O Meu Coração é Árabe”, “Al-Mu’tamid/ Poeta do Destino”, “Irão - Viagem ao País das Rosas”, “As Sandálias do Mestre”e, naturalmente, “Portugal e o Islão Iniciático”.




CLUBE DE LEITURA - 9 DE JULHO



Na próxima reunião – no dia 9 de Julho – convidamo-vos a acompanharem-nos numa viagem por terras de Espanha, em pleno século XVI, junto das últimas comunidades de mouriscos andaluzes, através das páginas d’A Mão de Fátima, de Ildefonso Falcones.
Desde as primeiras páginas juntamo-nos a Hernando, um jovem mourisco dividido entre o mundo da sua mãe de origem muçulmana e o de seu pai, um sacerdote cristão que a violou. A revolta dos mouriscos nas Alpujarras determina o curso da sua vida, o caminho que o leva a apaixonar-se pelos grandes olhos negros de Fátima e a merecer o ódio visceral do seu padrasto Brahim. Mas também a salvar a vida do homem que irá mudar a sua.
A história de Hernando é a história dos últimos mouriscos de Espanha. Revoltados, revoltosos, derrotados, exilados e humilhados. A sua vida, pública e clandestina, nas comunidades de Córdova ou a fuga para a pirataria junto dos seus irmãos de fé na Berbéria. A luta desesperada pelo direito a manterem os seus costumes, as suas tradições, a sua língua, a sua religião.
Falcones conduz-nos habilmente pelos caminhos do passado, a uma Espanha que procura impor, a todo o custo, um Cristianismo que é contestado por todo o Império, pelos seus mouriscos em Granada, pelos protestantes no Norte e pelos povos subjugados no Novo Mundo. À medida que folheamos as páginas da Mão de Fátima os nossos passos ressoam no mesmo caminho que Hernando percorre, prostramo-nos ao seu lado, voltados para Meca, rimos e choramos com ele. E, mesmo sem darmos por isso, a tarde feneceu e a esplanada ficou vazia.

Ildefonso Falcones de Sierra é um advogado de Barcelona tem conquistado o público e crítica com os seus romances. A sua primeira obra – A Catedral do Mar – conquistou vários prémios e foi publicada em mais de 40 países, transformando Falcones no maior best-seller espanhol do romance histórico.

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Na nossa reunião de debate agendada para Julho, já num espaço novo e acolhedor (a livraria Pó dos Livros), a convidada que nos honrará com a sua presença e o seu conhecimento sobre o período histórico sobre o qual versa o livro escolhido será a Sra. Professora Dra. Eva-Maria von Kemnitz. 

Docente do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, a Professora Eva-Maria von Kemnitz é doutora em História das Ideias, tendo defendido a tese "O Orientalismo em Portugal no contexto europeu e no das relações luso-magrebinas (séculos XVIII e XIX", sendo autora da obra Portugal e o Magrebe (séculos XVIII / XIX). Pragmatismo, inovação e conhecimento nas relações diplomáticas, publicada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros em 2010.
A sua actividade de docência tem-se desenvolvido em vários cursos, sempre no âmbito da civilização árabe-islâmica, em prestigiados estabelecimentos de ensino (e outros), como seja a Universidade Nova de Lisboa (1983, 1985), a Universidade Autónoma de Lisboa (1991, 1994), a Universidade Internacional (1997), o Centro Nacional de Cultura (1997 - 1998) e ma Universidade Católica Portuguesa (desde 2002 até ao presente). 
Tem, ainda, desenvolvido reconhecido trabalho de investigação em matéria de Orientalismos, Estudos Árabes, Pensamento Político do Islão, Relações Culturais entre a Europa e o Mundo Islâmico (em especial com o Magrebe), Minorias Islâmicas na Europa, Multiculturalismo e Políticas Culturais, e Património e Artes Islâmicas. "

 
CLUBE DE LEITURA - DIA 24 DE SETEMBRO


Crónica do Rei-Poeta Al-Mu’tamid
Ana Cristina Silva



O famoso rei da taifa de Sevilha, orgulho e símbolo do nosso passado islâmico, governador de Silves, sublime poeta e amante de tertúlias, é-nos apresentado pela sua própria voz. No auge da sua desdita, exilado em Aghmât – onde viria a morrer – o grande Al-Mu’tamid escreve as suas memórias, “Carta aos meus filhos mortos”, sabor de lágrimas amargas na pele ressequida pelo sol e pela poeira do deserto marroquino. E é nas páginas desse testamento de quem nada tem a testar que Al-Mu’tamid nos conta a sua vida, nos revela os seus sonhos e ambições, os amores e paixões, o destino que não conseguiu enganar, por muito que o tenha tentado com todas as forças do seu coração inspirado. No rio das suas lágrimas navegam o amor da sua vida – Itimad –, o amigo ao qual o destino o uniu, para o bem e para o mal – Ibn Ammar –, os filhos que o antecederão na subida ao Criador e o almorávida que será a arma do Destino – Ibn Tashfîn.
Conduzidos pelos próprios versos do rei-poeta, percorremos-lhe a vida, por entre as suas memórias e sentimentos conflituosos, entre Silves e Sevilha, entre poemas e escravas, amendoeiras em flor e alaúdes dedilhados em saraus que se estendem até ao raiar do dia, na corte do rei que amava os poetas e as bailarinas, que sonhava com a paz e acabou por convocar a guerra.

 
Ana Cristina Silva é docente universitária no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Com um doutoramento em Psicologia da Educação, a sua área de especialização é a aprendizagem da leitura e da escrita, tendo desenvolvido investigação neste domínio.
A sua obra ficcional conta ainda com outros dois títulos, As Fogueiras da Inquisição e A Dama Negra da Ilha dos Escravos, e vem sendo aclamada pela sua abordagem psicológica e cheia de uma intricada teia de sentimentos.


CLUBE DE LEITURA - DIA 26 DE NOVEMBRO 2011