terça-feira, 6 de dezembro de 2011

PRÓXIMO CLUBE DE LEITURA - 28 DE JANEIRO DE 2012






Khan al Khalili
Naguib Mahfouz

O local é a populosa cidade do Cairo. O tempo… a Segunda Guerra Mundial. Uma família de classe média, aterrorizada pelos bombardeamentos alemães, foge de sua casa e procura refúgio no velho bairro de Khan al Khalili, considerado mais seguro. Pelo meio dos receios da guerra, desenrola-se a história de amor de dois irmãos, com personalidades totalmente opostas, apaixonas pela mesma jovem, a sedutora Nawal.
Esta é a desculpa que Naguib Mahfouz precisa para descrever minuciosamente os ambientes populares, burgueses e intelectuais da sua cidade natal, bem como para proceder à análise de uma sociedade que se vê obrigada a tomar partido perante os dramáticos acontecimentos que se sucedem
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Naguib Mahfouz, foi laureado com o Nobel da Literatura em 1988. Nascido no Cairo – Egipto – a 11 de Dezembro de 1911, formou-se em Filosofia e trabalhou como funcionário público até se aposentar aos sessenta anos. Faleceu em 2006.
A sua vasta obra é de uma versatilidade espantosa, abarcando estilos tão distintos como o romance histórico, o romance realista e a literatura do absurdo.
A frontalidade com que sempre defendeu as posições mais justas e equilibradas – nomeadamente o apoio que concedeu a Salman Rushdie na polémica em torno da publicação de “Os Versículos Satânicos” – valeu-lhe diversas ameaças de morte por parte de extremistas islâmicos e um atentado em 1994.

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Na reunião de dia 28 de Janeiro de 2012 teremos a honra de ter connosco, como convidado especial, o Professor Dr. Luís Manuel Araújo.




CENTENÁRIO DE NAGUIB MAHFOUZ


No âmbito das comemorações do centenário do nascimento do laureado escritor egípcio Naguib Mahfouz, vem a Associação Cultural de Amizade Portugal-Egipto, pela primeira vez em parceria com o Núcleo de Cultura e Estudos Orientais, apresentar uma palestra evocativa da vida e obra deste grande escritor, o primeiro autor de língua árabe a ver a sua obra galardoada com o prémio Nobel da literatura, em 1988.
O evento terá lugar no próximo dia 17 de Dezembro, pelas 15h, no Salão Nobre do Museu Nacional de Arqueologia e será composto por uma comunicação evocativa da vida e obra do grande autor, a cargo da Mestre Alexandra Diez de Oliveira, pontuada por leituras de excertos de algumas das suas obras mais emblemáticas.
É, pois, com enorme prazer, que vos convidamos a viajar connosco para o velho Cairo onde nasceu e viveu Naguib Mahfouz e a mergulhar nesse mundo de cores, cheiros e sons, de emoções e vivências, que o grande mestre tão bem descreveu nos seus romances.
A sessão terminará com um festivo lanche natalício, que apela ao fraternal convívio e a calorosos votos de Boas Festas.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

PRÓXIMO CLUBE DE LEITURA - 24 DE SETEMBRO

Crónica do Rei-Poeta Al-Mu’tamid
Ana Cristina Silva


Após a tão esperadas (e merecidas) férias de Verão, retomaremos as nossas reuniões do Clube de Leitura no dia 24 de Setembro com a obra de Ana Cristina Silva, Crónica do Rei-Poeta Al-Mu’tamid.
O famoso rei da taifa de Sevilha, orgulho e símbolo do nosso passado islâmico, governador de Silves, sublime poeta e amante de tertúlias, é-nos apresentado pela sua própria voz. No auge da sua desdita, exilado em Aghmât – onde viria a morrer – o grande Al-Mu’tamid escreve as suas memórias, “Carta aos meus filhos mortos”, sabor de lágrimas amargas na pele ressequida pelo sol e pela poeira do deserto marroquino. E é nas páginas desse testamento de quem nada tem a testar que Al-Mu’tamid nos conta a sua vida, nos revela os seus sonhos e ambições, os amores e paixões, o destino que não conseguiu enganar, por muito que o tenha tentado com todas as forças do seu coração inspirado. No rio das suas lágrimas navegam o amor da sua vida – Itimad –, o amigo ao qual o destino o uniu, para o bem e para o mal – Ibn Ammar –, os filhos que o antecederão na subida ao Criador e o almorávida que será a arma do Destino – Ibn Tashfîn.
Conduzidos pelos próprios versos do rei-poeta, percorremos-lhe a vida, por entre as suas memórias e sentimentos conflituosos, entre Silves e Sevilha, entre poemas e escravas, amendoeiras em flor e alaúdes dedilhados em saraus que se estendem até ao raiar do dia, na corte do rei que amava os poetas e as bailarinas, que sonhava com a paz e acabou por convocar a guerra.
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Ana Cristina Silva é docente universitária no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Com um doutoramento em Psicologia da Educação, a sua área de especialização é a aprendizagem da leitura e da escrita, tendo desenvolvido investigação neste domínio.
A sua obra ficcional conta ainda com outros dois títulos, As Fogueiras da Inquisição e A Dama Negra da Ilha dos Escravos, e vem sendo aclamada pela sua abordagem psicológica e cheia de uma intricada teia de sentimentos.

Local: Lisboa - Livraria Pó dos Livros.
Hora: 17h às 19h.


terça-feira, 14 de junho de 2011

Próximo Clube de Leitura - 9 de Julho

O local é a livraria Pó dos Livros, na Av. Marquês de Tomar, n.º 89, Lisboa às 17.00 horas


A Mão de Fátima
Ildefonso Falcones

Na próxima reunião – no dia 9 de Julho – convidamo-vos a acompanharem-nos numa viagem por terras de Espanha, em pleno século XVI, junto das últimas comunidades de mouriscos andaluzes, através das páginas d’A Mão de Fátima, de Ildefonso Falcones.
Desde as primeiras páginas juntamo-nos a Hernando, um jovem mourisco dividido entre o mundo da sua mãe de origem muçulmana e o de seu pai, um sacerdote cristão que a violou. A revolta dos mouriscos nas Alpujarras determina o curso da sua vida, o caminho que o leva a apaixonar-se pelos grandes olhos negros de Fátima e a merecer o ódio visceral do seu padrasto Brahim. Mas também a salvar a vida do homem que irá mudar a sua.
A história de Hernando é a história dos últimos mouriscos de Espanha. Revoltados, revoltosos, derrotados, exilados e humilhados. A sua vida, pública e clandestina, nas comunidades de Córdova ou a fuga para a pirataria junto dos seus irmãos de fé na Berbéria. A luta desesperada pelo direito a manterem os seus costumes, as suas tradições, a sua língua, a sua religião.
Falcones conduz-nos habilmente pelos caminhos do passado, a uma Espanha que procura impor, a todo o custo, um Cristianismo que é contestado por todo o Império, pelos seus mouriscos em Granada, pelos protestantes no Norte e pelos povos subjugados no Novo Mundo. À medida que folheamos as páginas da Mão de Fátima os nossos passos ressoam no mesmo caminho que Hernando percorre, prostramo-nos ao seu lado, voltados para Meca, rimos e choramos com ele. E, mesmo sem darmos por isso, a tarde feneceu e a esplanada ficou vazia.

Ildefonso Falcones de Sierra é um advogado de Barcelona tem conquistado o público e crítica com os seus romances. A sua primeira obra – A Catedral do Mar – conquistou vários prémios e foi publicada em mais de 40 países, transformando Falcones no maior best-seller espanhol do romance histórico.

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Na nossa reunião de debate agendada para Julho, já num espaço novo e acolhedor (a livraria Pó dos Livros), a convidada que nos honrará com a sua presença e o seu conhecimento sobre o período histórico sobre o qual versa o livro escolhido será a Sra. Professora Dra. Eva-Maria von Kemnitz. 

Docente do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, a Professora Eva-Maria von Kemnitz é doutora em História das Ideias, tendo defendido a tese "O Orientalismo em Portugal no contexto europeu e no das relações luso-magrebinas (séculos XVIII e XIX", sendo autora da obra Portugal e o Magrebe (séculos XVIII / XIX). Pragmatismo, inovação e conhecimento nas relações diplomáticas, publicada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros em 2010.
A sua actividade de docência tem-se desenvolvido em vários cursos, sempre no âmbito da civilização árabe-islâmica, em prestigiados estabelecimentos de ensino (e outros), como seja a Universidade Nova de Lisboa (1983, 1985), a Universidade Autónoma de Lisboa (1991, 1994), a Universidade Internacional (1997), o Centro Nacional de Cultura (1997 - 1998) e ma Universidade Católica Portuguesa (desde 2002 até ao presente). 
Tem, ainda, desenvolvido reconhecido trabalho de investigação em matéria de Orientalismos, Estudos Árabes, Pensamento Político do Islão, Relações Culturais entre a Europa e o Mundo Islâmico (em especial com o Magrebe), Minorias Islâmicas na Europa, Multiculturalismo e Políticas Culturais, e Património e Artes Islâmicas. "

 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

 

Debate da obra “Portugal e o Islão Iniciático” no Clube de Leitura



“Nada é maís demolidor, para o homem contemporâneo, do que a entropia espiritual em que é forçado a viver.”

No passado dia 26 de Março, o Sol tímido de fim de tarde banhava a sala onde, dentro de alguns minutos, se reuniriam os membros do Clube de Leitura. Uma vista esplendorosa sobre o Parque Eduardo VII saudava quem ía chegando, como um postal ilustrado desta nossa Lisboa à beira Tejo, tão distante já do seu passado islâmico. Os membros do Clube foram-se instalando, cumprimentando conhecidos e amigos, deixando-se embalar pelo melodioso oud das composições árabes clássicas que tocavam na aparelhagem. Com a humildade e discrição que o caracterizam, o Dr. Adalberto Alves aguardava o início da reunião, sentado entre a assistência, saudando todos com o seu sorriso afável.
Foi uma honra e um privilégio ter entre nós o autor da obra a cuja leitura havíamos convidado os nossos amigos neste bimestre. Sentia-se na sala um frémito de antecipação: todos queríamos ouvir o Mestre, o Poeta, aquele que tanto nos deu, ao longo dos anos, através do seu extenso e profícuo trabalho em matéria de estudos árabo-islâmicos.
Partindo de um apelo à desconstrução individual do texto escrito, viajámos com o Dr. Adalberto Alves pelo Gharb al-Andalus, pelo Outro e por nós próprios. O autor partilhou connosco o seu processo criativo e a sua visão da escrita, mostrou-nos que cada texto é, na verdade, mil textos, e que cada palavra comporta em si uma miríade de possibilidades, inteligibilidades, mistérios e revelações. Que ele próprio nada mais sabe de um texto que foi seu e que deu ao mundo, nada mais do que qualquer outro leitor. Que as palavras são de quem as lê e não de quem as escreve e que, nessa medida, a sua percepção daquele texto que ora se revela ante todos nós (ele, autor, e nós, leitores) é tão válida ou tão pouco válida quanto a de qualquer outro leitor. O apelo foi lançado: questionem! O que importa verdadeiramente é a pergunta e não a resposta, pois naquela reside a essência da verdade que se procura e que apenas se poderá encontrar se o rumo indicado pela questão for o correcto. Questionem!
Apesar da hesitação inicial, as questões foram surgindo. E os nossos amigos foram-se entusiasmando, vencendo o receio de dizer alguma inconveniência, de não saber questionar. Foram procurando em si mesmos a leitura que o texto lhes sugeria. Outros questionaram sobre esse Islão iniciático que, para muitos, é ainda uma incógnita. Uma espiritualidade que, afinal, parece ser tão nossa, mais do que se percepciona a priori, mais do que uma coisa do Outro, daquele que não se conhece e se busca fora de nós. E os paralelismos foram surgindo, as pontes que, a medo, vamos construindo entre nós e os Outros, as portas comunicantes que dão passagem aos Muitos que em nós residem, herança secular desse acervo árabo-islâmico do qual, afinal, tão pouco conhecemos.
A conversa foi-se animando, também em torno do karkadé e do hummus, na pausa para o chá. É um ritual que cultivamos e que os nossos amigos do Clube muito apreciam, quer pelos paladares orientais que vão provando (e a cultura passa, também, pela gastronomia) quer pela familiaridade com que vão quebrando a timidez e encetando animadas discussões sobre o que nos une em torno dos mundos que a literatura nos vai revelando.
A noite caiu e a animada “família” do Clube de Leitura teve que dar por terminada mais uma reunião. A cada novo livro, a cada nova discussão, são mundos que se abrem. Em cada reunião principiam novos caminhos, novas curiosidades, novas portas para lugares até então desconhecidos. É essa a magia dos livros. E desta obra do Dr. Adalberto Alves todos nós levámos para casa um património imenso e praticamente desconhecido, que está por toda a parte na nossa cultura e no nosso país, e que é tão nosso que nem sabíamos que era, também, de outrem: a profunda herança cultural e espiritual do Islão iniciático.